Não faz muito tempo desde que a montadora americana General Motors(GM) responsável pela gigante Chevrolet, que produz modelos como Camaro, Cruze, S10 e o líder de vendas Onix,ameaçou sair do Brasil por conta de uma crise financeira vivida pelos mesmos.
Pois bem, no dia 19 deste mês a marca anunciou um investimento de 10 bilhões de reais nas fábricas de São José dos Campos e São Caetano do Sul até o ano de 2024, o que indica que a ameaça da Chevrolet deu muito certo e poderá gerar consequências.
O ano de 2019 é de suma importância para a Chevrolet e seu domínio em grandes segmentos do mercado automobilístico brasileiro.
Já se diz o ditado “Time que está ganhando não mexe”, então pensando nisso a Chevrolet tem que ter uma cautela muito especial com seus veículos de nova geração que começarão a serem vendidos por aqui ainda neste ano, como é o caso do facelift do sedã médio Cruze e do carro mais vendido pelo território brasileiro nos últimos quatro anos Onix. O modelo sedan do Onix, o Prisma também de geração nova chegará as lojas em meados de outubro buscando um novo fôlego para continuar entre os carros mais vendidos do Brasil juntamente ao Onix.
Além destas mudanças previstas para este ano, dois importantes veículos da gama da GM também receberão alterações diretamente ligadas ao investimento. Tanto o SUV Tracker que procura ganhar uma fatia maior do mercado tentando bater Kicks e Renegade quanto a picape média S10 que busca retomar a liderança entre as caminhonetes, ambos em nova geração, buscam uma retomada no crescimento de veículos da Chevrolet de maior valor agregado
No começo deste ano, a Chevrolet se deparou com altíssimos gastos que, mesmo tendo o carro mais vendido do Brasil, não conseguiriam arcar por muito mais tempo.
Sabendo deste problema iminente, a montadora tentou ao máximo negociar isenções com o governo, porém sem sucesso até então. Foi neste momento em que a Chevrolet anunciou que estava pretendendo fechar tanto a fábrica de São Bernardo do Campo quanto de São Caetano do Sul, fazendo assim vários funcionários da marca entrarem em desespero de poder perder seus empregos a qualquer momento e, paralelamente, os consumidores perderem veículos como o Onix, que há vários anos lidera o número de vendas no Brasil.
Logo após o anúncio de possível retaliação, começaram a chover as mais diversas reações sobre tal anúncio, sendo a maioria negativas. Vendo tamanha repercussão, a marca veio a público falar que tal atitude seria realizada somente em casos mais drásticos, mas que naquele momento estavam fazendo ao máximo para conseguir ajustar as finanças.
Com isso, a GM decidiu inicializar uma série de fatores para que o investimento da matriz fosse possível: Redução de comissão de venda aos vendedores de 5% para 4%, negociação de preços e formas de pagamentos mais flexíveis com fornecedores, redução da folha salarial de seus funcionários e a retomada do processo de incentivos fiscais do governo de São Paulo.
Com todos as metas sendo atingidas por meio deste programa de contenção de gastos, inclusive o abatimento de até 25% do ICMS, a Chevrolet conseguiu a liberação do montante de R$10 bilhões para serem investidos até 2024, visando criar cerca de 1.200 novos empregos (400 diretos e 800 indiretos) e poder investir competitivamente em veículos com possibilidade de ganhar mercado no Brasil, além dos já consagrados e facilmente comercializados Onix e Prisma.
O presidente da General Motors América do Sul, Carlos Zarlenga, anunciou hoje um novo plano de investimentos da empresa no país. Serão aportados 10 bilhões de 2020 e 2024 para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e a produção de veículos inéditos no Estado de São Paulo, destinados aos mercados da América do Sul.
O anúncio foi realizado durante cerimônia no Palácio do Governo do Estado de São Paulo com a presença do governador João Doria.
“As ações que temos tomado com a participação de nossos parceiros estratégicos viabilizaram este novo e importante plano de investimentos que demonstra o nosso compromisso com o Brasil, nossos empregados, fornecedores, sindicatos e rede de concessionários, além de contribuir para sustentar a liderança de nossa marca Chevrolet”, disse Zarlenga.
Somando o plano anterior (2014-2019) com este novo aporte (2020-2024), a GM aportará o maior montante de investimentos de uma empresa na história da indústria automotiva brasileira no período de uma década.
Além do aporte no desenvolvimento e produção de novos veículos, os investimentos também contemplarão novas tecnologias de produtos e manufatura, nas fábricas de São Caetano do Sul (SP) e São José dos Campos (SP).
“Agradecemos a importante participação de nossos parceiros para viabilizar financeiramente nossas operações no Brasil. Precisamos continuar trabalhando no sentido de promover as mudanças necessárias para que o Brasil tenha uma indústria automobilística sustentável e competitiva globalmente. Só assim teremos a chance de sermos protagonistas das profundas transformações que estão acontecendo em nosso setor”, afirma Carlos Zarlenga, e acrescenta: “A indústria automotiva brasileira sofre com falta de competitividade por uma série de fatores, como a carga tributária excessiva e complexa, os custos logísticos amplificados por problemas de infraestrutura e dependência de um único modal de transporte, além dos altos juros. O modelo atual não é sustentável e como líderes de mercado vamos liderar este processo de transformação”.
A Chevrolet está em seu melhor momento como marca em seus 94 anos de atividades no Brasil. Fechou 2018 na liderança pelo terceiro ano consecutivo com 434,3 mil veículos emplacado e quase 18% de participação considerando os automóveis de passeio e comerciais leves – alta superior a 10% em relação a 2017.
O Onix foi o carro mais vendido no Brasil novamente em 2018, mas com volume recorde de 210,4 mil unidades, o dobro do segundo colocado.
A Chevrolet liderou o segmento dos hatches, que representa 39% do total da indústria, e dos sedãs (21%). Também foi a marca que mais cresceu em volume no segmento dos crossovers e SUVs. Este último já representa fatia de 20%.
“Não buscamos a liderança de mercado como objetivo. Queremos continuar a ser uma marca relevante, especialmente para o cliente, que cresça com uma rede de concessionárias forte e que de retorno para nossos acionistas”, explica Zarlenga.